DIFICULDADES QUE PODEM IMPEDIR A EFETIVA ATUAÇÃO DO CUIDADOR

Tempo de leitura: 3 minutos

Já discutimos no post passado os motivos pelos quais você se tornou cuidador e como isso se deu. Bem ou mal você se tornou o cuidador do familiar que está doente. Os cuidados que você presta ao seu familiar doente são mesmo efetivos? Ele te reconhece como cuidador? A família te reconhece como cuidador?

Para se tornar um cuidador efetivo, reconhecido e que assuma integralmente os cuidados é preciso simplesmente que a pessoa que será a cuidadora se institua como tal. Ou seja, que ela tome a decisão de ser a cuidadora. Mas será que isso é tão simples assim?

Singularidades

Há famílias onde o cuidador pode se instituir de maneira mais tranquila e assertiva, pois a família lhe dá o suporte necessário, seja dividindo os afazeres da rotina de cuidados, seja montando uma escala de cuidadores, ou até mesmo pagando um salário para aquele que se dedicará a ser o cuidador. Neste caso, apesar de continuar sendo difícil realizar o cuidado, o cuidador consegue assumir suas funções por ter ajuda da família, mesmo que não tenha um suporte de uma equipe multidisciplinar que poderá lançar um olhar diferenciado.

No entanto, há famílias que não se entendem e onde é difícil o cuidador se instituir como tal. Isto pode acontecer porque cuidar é trabalhoso e cansativo e o cuidador não dá ou não quer dá conta deste cuidado sozinho. Ou então, em ocasiões em que socialmente só aceitamos um único cuidador para aquela situação. Por exemplo, quando o familiar doente é o filho ou filha. Entendemos por vezes que o cuidador só poderá ser única e exclusivamente a mãe. Ou quando a esposa é quem tem que cuidar do marido doente e vice-versa. Por que este cuidado não pode ser dividido com outras pessoas da família?

Há ainda histórias de vida bastante difíceis e conturbadas que podem impedir o efetivo cuidado. Difícil julgar uma filha que não cuida do pai idoso quando ele em sua infância abusava sexualmente da mesma ou a esposa que apanhava de seu marido. Não se defende que a filha não deva cuidar do pai doente ou que a esposa não esteja preparada para os cuidados de seu marido convalescente, mas seus traumas e sentimentos devem ser levados em consideração para se compreender a situação familiar e suas dificuldades. Afinal, quem aqui não possui as suas limitações?

Possibilidades na dificuldade

Uns não dão conta de trocar fraldas ou dar banho e preferem cuidar dos afazeres domésticos, enquanto outros não querem não ter que cuidar da parte de compras e organização da rotina de consultas, pois se dedicam ao cuidado físico. Nesta diversidade de cuidados, o importante é que o cuidador não perca a possibilidade do afeto e do cuidado efetivo ao paciente, mesmo por aquele familiar que xinga e maltrata o cuidador, como nos casos de Alzheimer e demências.

Para isso o cuidador precisa se instituir e isso é um ato. Ato de ser cuidador, de dar conta dos cuidados, de assumir a bronca, de chamar a responsabilidade para si. E só sabe o que é cuidar, quem cuida.

Muitas vezes quando fazemos isso, o problema é que o restante da família pode se sentir desobrigado a cuidar, sobrando tudo pra uma pessoa só. Em pouco tempo teremos um cuidador estressado, cansado, que já não consegue mais prestar os cuidados da forma como lhe foi orientado.

No próximo post vamos falar sobre as funções do cuidador e veremos se é possível dividir tarefas. Dividir sempre é possível, mas na sua família e na situação que você vive, é? Conta pra gente!

Não se esqueça de deixar seu comentário e compartilhar em suas redes sociais.

Nos vemos no próximo post.

8 Comentários


  1. Soraia Boa noite, estou cuidando do meu marido pq ele ainda não depende de mim para as suas necessidades físicas, apenas fico na observação se está fazendo certo, só que ele ultimamente está se tornando uma pessoa cheio de manias, que com 45 anos de casados ele sempre me elogiava e me dava todo carinho e respeito.Hoje há 3 semanas venho sentindo que ele me olha de outro jeito, como se eu o encontrasse, ele sempre está me dando ordem( pega isso pra mim, faz Isso, vc não fez Isso, preste atenção, ) é isso está me encomodando demais.Hoje ao se sentar para o almoço, não coloquei suco na mesa de propósito, ele me olhou c ódio e disse traz o suco, como li num comentário de voces, se ele ainda é capaz de fazer algo, não faça por ele, Eu disse pra ele,se levante e vá pegar na geladeira.Ficou danado e não foi.Ele é constante irritado,exceto quando eu dou antidepressivo,aí ele fica mais calmo. Essa irritação é normal ? E qual o profissional sem ser o neuro pra dizer que fase ele se encontra do Alzheimer

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    1. Soraia Boldarine

      Mariete, obrigada pelo comentário e por estar conosco. Penso que seria interessante vc procurar um psicólogo. Muitas vezes esta irritação pode ser sinal de depressão. Me chamou a atenção o fato dele estar sempre irritado, exceto quando vc administra o antidepressivo. Seria interessante a ajuda deste profissional. No mais estamos aqui para compartilharmos experiências. Forte abraço!

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  2. Jaine

    Aqui em casa sempre dividimos as tarefas.Somos unidas e sempre elogiadas pelos profissionais da home care que cuidam da minha mãe.
    A melhor coisa que inventaram foi a home care.Um grande abraço

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    1. Soraia Boldarine

      Jaine, que bom saber disso! Isso é algo tão complexo e complicado que fica difícil inclusive demonstrar o quanto é possível. Obrigada pelo comentário e por estar conosco! Forte abraço à vc e suas irmãs.

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  3. Fabíula

    Sou filha única e cuido da minha mãe que tem Alzheimer, DPOC e tem 15 dias que se encontra acamada pela artrose bilaterais no quadril! As vezes me sinto exausta!
    Não tenho com quem dividir as tarefas e nem condições financeiras para pagar uma ajudante!

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    1. Soraia Boldarine

      Fabíula, uma situação bastante complicada quando não temos com quem dividir a responsabilidade do cuidado. Muitas vezes não podemos contar com outros familiares porque não o temos, como é o seu caso, mas muitas vezes uma vizinha ou uma amiga podem te ajudar temporariamente para vc poder sair um pouco e resolver algumas coisas. E mesmo temporariamente é possível contratar profissionais que poderiam te auxiliar por plantões. Obrigada pelo comentário e por estar conosco! Forte abraço

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  4. Lousena Roehrs Cezar

    Eu estou em sofrimento, meus irmãos deixaram a mãe na minha casa para cuidar. Minha dificuldade é não tenho vínculo afetivo com a mãe, ela me abandonou, só voltei a ter contato com a família biológica após 20 anos e mais o problema financeiro, O benefício dela ela dá para quem ela quiser, estou estressada…

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    1. Soraia Boldarine

      Lousena, que situação difícil, hein? Mas olha acho que uma boa conversa com sua família poderá te ajudar a resolver esta situação. Não é porque deixaram sua mãe com vc, que vc tem obrigação de cuidar dela se não quiser. Isso é algo que precisa ser consentido, ainda mais com uma história tão difícil. Converse com sua família! Tenho certeza que chegarão numa decisão em comum. Obrigada por compartilhar conosco! Forte abraço

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