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Você deve estar se perguntando, após ler o título do post, se eu enlouqueci. Como assim, não é cuidando que se chega a um cuidado sustentável? Eu explico.
Tenho acompanhado a discussão de nossas leitoras e leitores sobre a dificuldade em dividir tarefas com outros membros da família, poder descansar e ter um momento de lazer sem culpa, a falta de recursos financeiros e de apoio de nossa Saúde Pública.
No caso dos cuidadores profissionais, fazer a família entender que cuidador não é empregado doméstico, entre outras questões.
Realmente não é fácil chegar num ponto onde o cuidado possa ser chamado de sustentável. Até porque o cuidado não é algo estático. As mudanças são constantes.
Quando se adapta a uma dessas transformações, logo já chega outra situação pedindo atenção.
Nestes anos todos trabalhando como psicóloga em diferentes empresas da assistência domiciliar, pude escutar e acompanhar diferentes famílias, com problemas diversos.
No entanto, na maior parte das vezes, apesar das soluções serem complexas, elas eram possíveis.
Para isso era importante uma série de elementos, tais como, a paciência e a resiliência de cada família em lidar com imprevistos, as possibilidades financeiras de cada um para dar conta de determinado problema, a capacidade de articulação do cuidador para avaliar com presteza os recursos disponíveis e a força para entender que nem tudo tem a solução ideal ou que desejamos.
Mas uma coisa eu havia percebido muito claramente. Nenhuma das famílias que eu acompanhei atingiu um cuidado ao seu familiar que se pudesse chamar de sustentável, cuidando!
É isso mesmo! Não se atinge um cuidado domiciliar sustentável cuidando.
Isto porque, é preciso ter certo distanciamento para avaliar o problema e buscar soluções. O que muitas vezes acontece é que não conseguimos atingir a solução que precisamos quando estamos sufocados com tantas tarefas a realizar, com tantas demandas em cima de nós.
E assim, segue-se errando na solução, estressando-se no dia-a-dia e fazendo com que aquela pequena questão se transforme num grande problema.
Muitas vezes, a solução de um problema é apenas parar, respirar um pouco, tomar uma água e voltar para o problema com a intenção de vê-lo através de outra perspectiva.
Por isso, digo que, não se chega ao cuidado sustentável, cuidando. É preciso distanciamento, observação do problema e dos recursos possíveis para enfrentá-lo e planejamento.
Muitos problemas são solucionáveis, mas não quando queremos ou da forma que queremos. Neste sentido, aprender a lidar com a frustração é algo extremamente necessário.
É preciso ter consciência ainda que não existem fórmulas mágicas para solucionarem problemas. A solução possível para uma família certamente não será a mesma para uma outra família.
Ou a solução encontrada num determinado momento para uma família não servirá mais a mesma para o mesmo problema em outro momento.
Do meu ponto de vista, a melhor solução é ter a certeza de sempre tentar fazer o nosso melhor possível.
Quer compartilhar cuidado conosco? Deixe um comentário!
Te vejo no próximo post 😉
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Li atentamente os artigos e se me permitem gostaria de fazer uma objetiva quanto a efetividade da intervenção via Home Care:
|Será verdade que , diante de tantos obstáculos a se esperar para atingir a sustentabilidade e portanto a efetividade e perpetuidade das relações que deveríamos eleger por avaliação de capacidade (sustentabilidade) que pacientes e seus familiares tem a condição de serem assistidos via Home Care? Ou seja se pela avaliação multidisciplinar observarmos que não será efetivo pelas adversidades deveríamos vetar o modelo de tratamento domiciliar para essas situações?
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Oi Eduardo Luiz! Essa é uma decisão exclusivamente de cada família.