7 COISAS PARA NÃO DIZER À ALGUÉM COM ALZHEIMER

Tempo de leitura: 4 minutos

Para portadores da Doença de Alzheimer, a comunicação pode ser algo bem complicada.

Como e quando esses problemas de comunicação aparecerão dependerá de indivíduo para indivíduo, assim como do estágio da doença.

Enquanto que o portador de Alzheimer pode ter problemas com a repetição ou em lembrar das frases que quer dizer, as palavras que seus cuidadores utilizam são tão importantes quanto.

Uma escolha errada nesta comunicação por parte do cuidador pode ser dolorosa e frustrante para o paciente.

Por outro lado, a boa comunicação pode ser a chave do sucesso para alguém que vive com Alzheimer.

Inclusive eu já escrevi um texto que fala sobre a importância da comunicação no cuidado domiciliar, clique para ler.

Então, sem mais delongas, vamos às 7 coisas para não dizer à alguém com Alzheimer:

1. Você se lembra quando…?

Por mais que seja tentador tentar estimular a memória de alguém com Alzheimer, fazer este tipo de pergunta é frequentemente um lembrete de que algumas memórias foram perdidas.

Esta pode ser uma experiência frustrante ou dolorosa e não há indícios que provem que treinar a memória de alguém assim surtirá efeitos contra os esquecimentos.

Ao mesmo tempo, não estamos dizendo para você evitar falar do passado, mas que saiba conduzir a conversa e deixar o paciente se apropriar dela.

Ao invés de usar a frase acima, tente dizer “Eu me lembro quando…”.

Desta forma, a pessoa conseguirá acessar a sua memória calmamente, sem se sentir envergonhada ou pressionada a se lembrar de algo.

2. Eu já te disse isso

Ter que responder a mesma pergunta diversas vezes pode ser frustrante e cansativo para o cuidador, mas a repetição acontecerá. Não há alívio algum para o cuidador em dizer frases como essas e só fará o paciente se lembrar de sua condição.

Tente ser educado e paciente o máximo possível. É importante para alguém com Alzheimer ser escutado e entendido. Desta forma, ele se sentirá confiante.

3. Seu irmão faleceu há 10 anos

Uma pessoa com Alzheimer pode se esquecer do falecimento de alguém e perguntar por esta pessoa. Lembra-lo do falecimento de alguém querido pode ser muito doloroso, inclusive fazendo relembrar do momento de luto por aquela pessoa do passado.

Cuidadores podem responder esta situação de diversas formas e é sempre importante demonstrar sensibilidade.

Será melhor propor outra razão para a ausência da pessoa querida, enquanto que algumas vezes o lembrar gentilmente de alguma ausência pode ser apropriado.

Nos estágios mais avançados tentar faze-los lembrar que o ente querido não está mais presente não funcionará e deve ser evitado.

4. O que você fez esta manhã?

Evite fazer perguntas muito amplas, pois pode ser estressante para a pessoa com Alzheimer se ele não conseguir se lembrar da resposta.

Por mais que pareça educado perguntar a alguém como foi o seu dia, é melhor focar no que está acontecendo no presente.

É importante que pessoas com Alzheimer continuem fazendo suas próprias escolhas, mas definir as opções pode ser uma estratégia de sucesso.

Neste caso, ao invés de perguntar ‘O que você gostaria de beber’? Você pode perguntar ‘Você gostaria de beber chá ou café’?, ou ainda mais simples, ‘Você gostaria de uma xícara de chá’?

5. Você se lembra de mim?

Pode ser angustiante quando alguém com Alzheimer não se lembrar de você, mas lembre-se que o sentimento é mútuo.

Indagar ao paciente se ele se lembra de você pode fazê-lo sentir-se culpado se ele não se lembrar ou ofendido se ele lembrar.

A maneira com que você cumprimenta alguém com Alzheimer poderá mudar dependendo do estágio e da condição da doença – avalie você mesmo, mas seja amigável.

Um caloroso ‘olá’ pode ser suficiente ou dizer o seu nome pode ajuda-lo a se lembrar.

6. Vamos tomar uma xícara de chá agora, depois podemos dar um passeio e então almoçar naquele restaurante que você gosta

Sentenças longas e complexas podem ser difíceis de compreender para o portador de Alzheimer.

É difícil processar muitas ideias logo de cara, já que as habilidades cognitivas/de aprendizado estão mais lentas, então o melhor é dar instruções uma de cada vez.

Utilize frases curtas e simples o máximo possível e espere até ter a atenção total da pessoa para que você possa prosseguir com a instrução.

7. Você precisa de ajuda com isso, amor?

Palavras como ‘amor’, ‘querido (a)’ ou diminutivos podem soar como sendo pejorativas para a pessoa com Alzheimer, fazendo com que a pessoa se sinta infantilizada.

Utilize o nome do paciente. Isso o ajudará a manter sua dignidade intacta e a concentrar-se para escutar o que será dito.

Enfim, estas são algumas entre diversas coisas que não devemos falar, ou devemos tomar cuidado ao falar com pessoas que tem Alzheimer.

E você, cuida de alguém com essa doença?
Então me conta qual a sua experiência aqui nos comentários.

20 Comentários

  1. Flavia Demetria da Costa

    Minha mãe tem alkaime e eu que cuido dela como devo proceder nas situações qdo fica duvidando o que a gente fala ou qdo ela falou?

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      1. Lucia

        Sabe ,fiquei chateada com a médica psiquiatra que falou para meu pai que ele estava com Alzheimer. Não vejo necessário , agora depois dessa está super preocupado pois ele sabe que tipo de doença e …Sem nescessidade a médica explicar para ele .

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        1. Soraia Boldarine

          Oi Lucia! Entendo sua preocupação, mas em teoria é direito do paciente saber sobre seu diagnóstico, prognóstico e evolução da doença. Um abraço apertado!

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      2. Soraia Boldarine

        Oi Lucia! Ah que bacana! Bem-vinda à compartilhando cuidado, colega. Um abraço!

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  2. Maria Goretti Medeiros

    Fui surpreendida a 3 anos cm essa doença em minha mãe,muito difícil..pq ela morava soZinha e eu a trouxe para morar em minha cidade. Ela ainda está em uma fase boa, pq ela varrer e arruma as coisinhas delas. Mas agora , ela está cm muita vontade de voltar a mora no apartamento dela, ela n entende q n tem condição . E agora disse que vai se matar e deixar uma carta me culpando. Ela é acompanhada de uma geriatra ,, tomar Aloís e Epez, e queropax . Estou achando ela muito agitada. Cm raiva do mundo. Cm devo proceder.? Os artigos de vcs tem me ajudado muito. Obrigado. Goretti Medeiros. Imperatriz -Ma

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    1. Soraia Boldarine

      Olá, Maria Goretti! Obrigada pelo seu comentário! Com relação à sua pergunta, vale dizer em primeiro lugar que, cada situação é uma e cada pessoa reage de uma maneira. Assim, não temos uma maneira única de lidar com as situações que vão aparecendo. Mas, penso que vc poderia ir conversando com ela de maneira carinhosa, demonstrando a importância pra vc de tê-la consigo, validar os desejos e vontades dela na medida do possível. O Alzheimer além de ser uma doença dolorosa para o cuidador é também trabalhosa. Espero ter podido ajudar! Forte abraço

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  3. Virginia collistet

    A minha mãe não sabe quem eu sou e não se sabe os lugares da casa. Quando eu ajudo segurando ela, pois não tem equilíbrio, parece que piora com a minha ajuda. Eu tenho a impressão que os remédios que ela toma não estão adiantando. Ela piorou muito de uns tempos pra cá. Tem problemas de comunicação: eu não entendo o que ela diz. Eu cuido dela sozinha e confesso que por vezes fico exausta. Não sei o que fazer para a melhora dela e eu conseguir também ficar melhor.

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    1. Soraia Boldarine

      Olá, Virginia! Obrigada pelo seu comentário. Uma primeira coisa a se fazer seria voltar ao médico para que ele possa reavaliar o estado de saúde da sua mãe e as medicações, para justamente realizar os ajustes necessários. Com relação à comunicação também é importante fazer uma avaliação com o profissional adequado. Sua mãe usa prótese dentária? Possui algum outro problema bucal? Importante levantar estas hipóteses pra tentar te ajudar a solucionar o máximo possível a questão da comunicação dela. O dia-a-dia é cansativo mesmo e exige paciência e calma do cuidador, mas mesmo assim é possível se organizar e ter um tempinho pra vc mesma. Aliás, esse momento é extremamente necessário para vc poder continuar cuidando mais e melhor da sua mãe. Espero ter ajudado! Forte abraço

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  4. Marilene

    Cuido de minha irmã (80anos) desde que ficou viúva, há um ano e meio. Sempre esquece quem sou e me confunde com minha mãe. Ora me chama pelo nome, ora me trata de senhora. Repito a mesma informação todo dia. Procuro sempre manter a paciência e me entristeço em perceber o esquecimento dela. Por exemplo, acabamos de lavar a louça do café, ela coloca a mesa para o almoço e sempre lembra do prato do marido. Depois me pergunta: quantas pessoas vem almoçar hoje? Não vamos tomar café? Fico feliz quando dou uma revista para ela e ela fica mais de hora olhando os anúncios, separando receitas, lendo uma notícia. Sempre caminhamos pela manhã, e ela já acostumou a aceitar… eu digo: vamos dar uma voltinha? e ela fica feliz em falar sempre a mesma história sobre meus pais e tios, meus irmãos e a infância dela. O difícil é ela querer tomar banho.

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    1. Soraia Boldarine

      Olá, Marilene! Vcs estão indo muito bem, hein? Tirando a questão do banho que parecesse ser a maior dificuldade, o restante caminha muito bem. Obrigada por compartilhar conosco sua rotina de cuidados! Forte abraço

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  5. Vanusa Dias Silva

    Cuido do meu pai com Alzheimer há quase 6 anos, é muito difícil, ele teve 03 AVC, faz 04 anos que não anda, quase não fala, depende 100% dos filhos, cuidamos com muito carinho e amor!

    Responder
    1. Soraia Boldarine

      Vanusa, que bom saber que vcs cuidam com muito amor e carinho! Não é fácil, mas é possível. Muito obrigada pelo comentário! Forte abraço

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  6. Solange

    Oi. Gostei muito das informações, obrigada!
    Eu procuro melhorar a comunicação com a minha mãe, mas as vezes se torna tão monótona a convivência, que fico sem paciência pra conversar. Isso é normal?

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    1. Soraia Boldarine

      Oi Solange! Claro! Cuidar é uma das atividades mais difíceis, nem sempre temos paciência. O mais importante é ter respeito e cuidado com o idoso. Obrigada por dividir sua experiência conosco!

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  7. Valeria Diaz

    Minha tia tem essa doença e morava com a filha que faleceu de câncer no hospital. Como contar a ela? Obrigada.

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  8. Katia Ramos

    Li os comentários acima e são muito iguais. Aprendi algumas coisas aqui com vc em relação a comunicação com o portador de Alzheimer. Minha mãe tem 85 anos e tem. Ela começou brigando com todo mundo a sua volta, não aceitava uma cuidadora. Somos 4 filhos e qdo íamos conversar com ela, colocava-nos para fora da casa dela. Graças a Deus encontramos uma geriatra muito boa que conversou com ela e ela ouviu e passou algumas medicações que ajudam. Aceitou a cuidadora e hoje nós nos revezamos para cuidar dela que sempre está com dor de cabeça qdo falamos em tomar banho e se for lavar os cabelos pior ainda. Mas, com o tempo a gente aprende a lidar. Hoje eu já não perguntou se vai lavar o cabelo, vou e lavo. Não digo nada e na hora jogo o shampoo com cuidado. se não for assim, ela não quer lavar hora nenhuma dizendo que lavou antes. Ela diz que sou uma prima e fala de mim para mim (interessante)
    Como ela sempre foi mandona, não sabíamos lidar, mas a geriatra disse que estávamos acostumados a obedecer e agora tínhamos que mandar como se faz com criança. Não pergunta, manda! Mas, sempre com carinho e amor embora, às vezes , a gente leve uns murros e beliscões.
    É muito difícil cuidar de alguém assim! Às vezes choramos, mas o importante é que devido à doença, ela está alheia e não percebe nossa dor.

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    1. Soraia Boldarine

      Olá Katia! Pelo seu relato percebo que vc e sua família estão se saindo muito bem. É difícil mesmo! E que bom que puderam encontrar profissionais dedicados tb aos seus ofícios. Espero que vcs sigam firmes aí no cuidado. Grande abraço

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